Algumas mudanças só acontecem sob a pressão de adversidades, sendo muitas vezes pela mobilização conjunta de pessoas e empresas em busca de soluções inovadoras, mas outras pelo fato da necessidade ser mais forte que a inércia ou até falta de vontade de desafiar alguns paradigmas.
Como exemplos desta última, lembro da liberação do uso da telemedicina pelo Conselho Federal de Medicina, e da permissão por parte do CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) de que o consentimento do participante de pesquisa clínica seja feito por meio eletrônico nos casos onde houver necessidade de alteração do TCLE (Termo de consentimento livre e esclarecido), durante o período da pandemia.
Mas isso não acontece somente nas instâncias públicas. Alguns profissionais da indústria relataram sobre a flexibilização do uso de assinatura eletrônica em contratos da área de pesquisa clínica por parte de seus departamentos jurídicos, sem falar em parte da classe médica que antes era contrária a utilização da telemedicina e agora começou a ver com outros olhos esta tecnologia. Em todas estas decisões é ressaltado o “caráter excepcional” da medida somente durante a pandemia.
Mas o que mudou de uma hora para a outra que fez com que estas aplicações da tecnologia, antes consideradas de risco para os pacientes e contratos ou até antiéticas, passassem a ser aceitas? Nada. A tecnologia é a mesma, nenhuma nova lei foi aprovada, porém a necessidade forçou a uma avaliação menos “preguiçosa” dos riscos e benefícios destas tecnologias e consequentemente à liberação de seu uso.
Mas será que após a crise do COVID-19 estas decisões serão revogadas? Eu tenho minhas dúvidas e também a esperança de que estas decisões serão mantidas. Eu acredito que passada a tormenta, os defensores da utilização da videochamada e assinatura digital na área da saúde terão mais argumentos e casos reais para evitar um passo atrás na adoção destas tecnologias.
Se isto acontecer, a pesquisa clínica, área em que atuo, terá muito a ganhar. Estes recursos tornam a participação dos pacientes nos estudos clínicos bem mais confortável, pois podem reduzir o número de visitas do paciente ao centro de pesquisa, não somente durante o estudo, mas mesmo antes, na etapa de recrutamento. A taxa de não comparecimento em consultas de triagem e seleção de alguns estudos clínicos pode passar de 20%, pois muitos pacientes se sentem desestimulados a participar do processo de recrutamento por causa do deslocamento até o centro de pesquisa. Esta também é a razão para taxas altas de desistência de pacientes já incluídos nos estudos. O uso adequado da videochamada poderia, sem dúvida nenhuma, reduzir consideravelmente o tempo de recrutamento dos estudos clínicos e também aumentar as suas taxas de retenção. O mesmo pode se dizer sobre o consentimento eletrônico quando utilizado remotamente em associação com assinatura digital.
A P3Life está preparada para suportar seus clientes com uma solução que integra captação e pré-triagem automatizada de pacientes suportada por Inteligência artificial, disponibilização dos cadastros aos centros de pesquisa em uma solução em conformidade com a LGPD, videochamada e solução de atendimento por mensagem. Estamos também preparados para integrar o consentimento eletrônico com assinatura eletrônica nesta solução, neste caso, a depender de aceite pelo conselho e comitês de ética.
Torcemos para que este momento difícil sirva para, entre outras coisas, quebrar paradigmas e permitir a adoção de novas tecnologias que só tem a colaborar com a saúde.